sábado, 29 de agosto de 2009

AUTOCISMOSE?

Eu não conheço um termo em português para autoschizis. Na verdade, entrei em contato com o fenômeno a partir de uma postagem no blog PATOLOGIA EM DIA de meus caríssimos colegas da BIOMEDICINA Camila Almeida, Pedro Gustavo, Sabrina Rodrigues e Rodolpho Figueiredo. Agradeço a eles por me apresentarem o tema.

Vou chamar por enquanto de autocismose. Veja porque e o quê.

Autocismose

Cisma é uma separação de uma pessoa ou grupo de pessoas do seio de uma organização ou movimento geralmente religioso, mas por derivação de sentido, a palavra pode apricar-se a qualquer desacordo ou dissidência. O adepto de uma cisma é denominado cismático. O termo cisam vem do grego skhísma "separar, dividir", através do latim eclesiástico schisma. (1)

Em 1998, foi descrita inicialmente uma forma de morte celular que, morfologicamente, diferia da oncose e da apoptose, e foi cunhada como "autoschizis", que eu estou traduzindo como AUTOCISMOSE.

A autocismose resulta do tratamento de célula neoplásicas com vitaminas C e K e apresenta as seguintes alterações morfológicas.

As células apresentam danos às mitocôndrias, autoexcisão de pedaços livres de organelas do citoplasma e extrusão do pericário contendo núcleo cercado por organelas danificadas. O envelope nuclear parece estar intacto e contendo cromatina não-condensada e em dissipação. Durante o dano celular que resulta em aparente cariólise, as células diminuem significativamente em tamanho e sofrem alterações de forma. Contudo, as cisternas do retículo endoplasmático rugoso apresenta-se apenas dilatado. A análise por eletroforese e coloração de Feulgen revela degeneração aleatória do DNA (2).

Embora, anteriomente tivessem relatado que camundongos com câncer de próstata tratados com uma combinação de vitaminas C e K apresentaram morte de células neoplásicas por autocismose, caracterizada por alterações, induzidas por estresse oxidativo, no citoesqueleto, autoexcisão e progressivas alterações nucleares. As partes excisadas continham ribossomos, mas eram desprovidas de fragmentos nuclear e de outras organelas (3).

Vitaminas C e K3 exibiram atividade antitumoral sinergística e mataram preferenciamente células tumorais por autocismose, um novo tipo de necrose caracterizada por danos exagerados nas membranas e perda progressiva de citoplasma livre de organelas através de uma série de auto-excisão. Durante este processo, o núcleo torna-se menor, a célula diminui a metade ou um terço de suas dimensões originais e a maioria das organelas estão aglomeradas ao redor de um núcleo intacto dentro de um escasso citoplasma. Apesar de as mitocôndrias estarem condensadas, a morte das células tumorais não resulta de depleção de ATP. Contudo, o tratamento com vitaminas induz um bloqueio entre G1/S, diminui a síntese de DNA, aumenta a produção de H2O2 e diminui os níveis de tióis nas células. Estes efeitos podem ser evitados pela adição de catalase que decompõe o H2O2. Há um aumento de 8 a 10 vezes nos níveis intracelulares de Ca2+. Análise eletroforética do DNA revela degradação devido a reativação de desoxirribonucleases I e II de forma independente de caspase-3. Ao ciclo redox das vitaminas é atribuída um aumento do estresse oxidativo até ultrapassar a habilidade redutora dos tióis celulares e induzir liberação de Ca2+, que ativam DNase dependente de cálcio e induz a degradação de DNA. (4)

Ora, em uma postagem no blog RAPIDINHASPATOLOGICAS, eu já havia apresentado resultado interessantes sobre o que ocorre com as mitocôndrias na transição G1/S, formando uma rede mitocondrial. Acredito que há uma ligação entre estas duas linhas de pesquisa.

Células tumorais tratadas com DNase I sofrem declínio de viabilidade e morrem, apresentando alterações morfológicas que sugerem autocismose (5).

1. Wikipedia. A enciclopédia livre. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Cisma acessado em 29 de agosto de 2009.

2. Gilloteaux et al. Anat Rec A Discov Mol Cell Evol Biol. 288 (1):58-83, 2006.

3. Jamison et al. Bioch Pharm. 63(10): 1773-83, 2002.

4. Gilloteaux et al. Ultrastruct Pathol. 29 (3-4): 221-35, 2005.

5. Alcazar-Leyva et al. Med Sci Monit. 15(2): CR51-55, 2009.

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